Uma fila de adultos na saída da escola. Uma educadora com microfone na mão pergunta o nome, a sala e chama as crianças. Uma mulher negra, como muitas outras na fila, se aproxima e a educadora pergunta:

 

– Você é babá de quem?

​

– De ninguém, responde a mãe, vim buscar minha filha.

 

Segundos de constrangimento, um pedido de desculpas e um chamado no microfone. A fila anda, a mãe encontra a filha, vão juntas para casa de mãos dadas. A mãe, depois de um suspiro, decide esquecer, é só mais uma vez que a confundem. A educadora, também negra, fica aliviada por poder se ocupar com o resto da fila e tenta esquecer rápido do desconforto que causou pensando quantas vezes ela também não viveu algo parecido.

 

E você, já passou por algo parecido?

Já pediu algo a uma pessoa negra num restaurante, café ou loja pensando ser um ou uma atendente quando, na verdade, não era? Para quem fala é constrangedor, para quem escuta uma micro-agressão* das que se repetem inúmeras vezes.

 

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*micro-agressões são mensagens verbais ou não-verbais, intencionais ou não, que insultam ou comunicam desprezo, negatividade, estereótipos e preconceitos, que acontecem cotidianamente nas relações interpessoais com pessoas de grupos vulnerabilizados, diminuindo sua auto-estima e confiança, impactando seu bem-estar e saúde mental e, ainda, comprometendo o seu senso de pertencimento à organização.